quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Em mim

Cena I 
Arthur chega em casa exausto depois de um longo dia cheio de frivolidade. Chega se arrastando até o sofá e se esparrama por lá mesmo, e por lá fica. Reclama do seu dia e diz que veio direto pra casa pois queria chegar em casa e se deitar comigo. Eu fico calada, incapaz de dizer uma palavra sequer. Só o observo e me divirto com os tantos gestos que ele faz com as mãos. É que ele mal sabe que ainda fico nervosa com sua presença e que adoro sua cara de cansado e seu tom de reclamão. Ele se levantou veio até mim em um roçagar de passos que me deixou um tanto sonolenta. Reclinou-se sob meu ombro e dormiu, dormiu, roncou, sorriu, resmungou. E eu nem sequer me movi. Não movi nem um musculosinho, nem meus olhos. Ele acordou assustado, e me perguntou ''o que é essa cara?'', que tipo de cara eu devia estar fazendo. É que ele mal sabe que não consigo tirar meus olhos dele e que adoro vê-lo dormindo...
Cena II 
Arthur chega em casa, com um sorriso de ponta a ponta, ofuscando meus olhos. Foi promovido. Chega pulando, me pega no colo me beija. Diz que veio direto pra casa pois queria me contar e que quer sair pra comemorar. Vamos a um restaurante não muito longe. Comemos, rimos, nos alteramos, fizemos caretas e essas coisas que estamos acostumados a fazer com a comida, coisas de nós. Fomos embora, nos deitamos e alguns minutos depois ele estava dormindo. No meu ombro. E eu o observando...'' 
E de repente me veio uma alegria súbita.
Uma confiança não sei de onde, uma vontade de ficar assim, só assim, parada com o meu Arthur cansado ou feliz no meu ombro. E essa alegria se devia simplesmente por ele estar ali. Ele poderia estar em qualquer outro lugar, ele poderia estar em casas de festas, clubes, bares, mas não, ele estava ali. E mais, ele poderia estar com outras mulheres. 
Poderia estar com a exibida de pernas bonitas que é amiga dele desde a 6ª sérié
Poderia estar com aquela menina de cabelos lisos que o rodeia. 
Ele poderia até estar com aquela ex petulante de olhos claros.
Mas não, ele estava comigo. 
Ele estava em mim. 
E querem saber mais ? Acabei de descobrir que é disso que tiro tanta confiança.
 Porque eu sei que, no fim do dia, seja este frustrado, feliz, cansativo ou excitante, Arthur sempre, sempre voltará pra mim. 
No fim das contas, sou eu quem vai ouvir aquele ''tom de reclamão'' quando alguma coisa não der certo, não as pernas bonitas da velha amiga dele.
 Sou eu quem vai vê-lo sorrir enquanto dorme, quando ele estiver cansado, não os cabelos lisos da menina.
 E por fim, sou eu quem vai abraça-lo e beija-lo nas conquistas e em todo o resto, não a ex de olhos cristalinos, desbocada. 
É pra mim que Arthur sempre voltará e é em mim que Arthur sempre estará. 
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domingo, 29 de maio de 2011

Abstinência por ausência .

Não fumava há dias. 
Não sentia a dor de cabeça de um porre de sexta-feira há algumas semanas mas, aquele amor que transformara em raiva a tinha acompanhado sempre, nos bares, nos dias inteiros na cama, nas manhãs em que acordava sozinha, ou no beijo de um desconhecido que nem chegava perto do que ela queria. 
Abstinência por ausência . 
Não a do cigarro ou dos porres. Não da língua de outros ou, da sua vida feliz e emocionante aos olhos alheios. Só do que era de verdade. 
A emoção era sentir a mão dele pegando no rosto dela. 
Sentindo a falta da pressa em passar um dia inteiro juntos. 
Abstinência que se faz no desencontro dos dois. 
Falta ela sentia da presença dele, e vice-versa.
 - " Não leva o som da sua risada embora de novo."  Ela disse . 
E ele respondeu do modo mais simples e desejável possível.
-" Eu amo você . Amo. Amo e amo."
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sábado, 26 de março de 2011

Filha da Lua II



A filha da lua.
 Filha da grande lua ou Grande filha da lua, que possui em seu casulo duas personalidades, quatro caras, três almas, cinco pares de sapatos, uma forma de sorrir e um milhão de formas de me enlouquecer. Herdeira da lua que me faz amar o modo como tira o cabelo do rosto, ou sua sobrancelha que curiosamente forma um coração.
 A maldita menina que muda de opinião como muda de roupa e tudo pra tentar matar o meu amor. 
Não, nunca, jamais conseguirá. 
Sinto muito, é amor de mais. Jamais conseguirá. 
A filha da lua que, apesar de odiar fazer o que faz, preferiu passar a vida se escondendo ao falar-me que tem medo de sofrer. E sofreu por se esconder. Justo.
 E eu, filho do sol, que apesar de odiar o que ela faz quando se esconde, preferi passar a vida tentando lhe mostrar que sou o homem destinado a amar todas as suas personalidades, caras, almas, jeitos e formas e tentando lhe provar que sou o único que o fará. 

Que amará e enlouquecerá.
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quarta-feira, 16 de março de 2011

É ela, outra vez.

O olhar dilacerante era uma afronta. 
Os cabelos soltos, daqueles que vagam e acompanham a direção do vento eram quase um xingamento. 
As unhas vermelhas ofendiam, ofuscavam, sugavam o brilho de meio mundo, seduziam, agitavam, acalmavam, faziam dormir. Era de um sabor extremo doce picante, do tipo que ardia e acalentava.
As sobrancelhas levemente levantadas realçavam em Sophia a mulher que jamais conseguira ser. Apesar de possuir uma beleza que insultava, era dotada de um caráter avesso, uma espécie de anti-caráter. Era ilegal, ilegítima, imoral, envolvente, convidativa, repulsiva. 
Era o contrário do oposto, o oposto do inverso, era o término do fim e o início do começo.
Desfilava inocente pelas ruas e escondia a fixa posição de ré, de quem comete o pior dos crimes, é julgada, é bandida, é fugitiva, e já não é mais nada.
Vivia atormentada, e confesso ter sentido dó da Sophia – mas uma pena leve, uma preocupação ligeira, um daqueles pensamentos rápidos sobre corações alheios.
A incredulidade de uma bela mulher originava-se de um passado que só fazia remoer, afligir, ocupar, preocupar, doer, doer mais uma vez.
Não teria problemas em não correspondência de amores bobos caso não conhecesse um simples Bruno, um daqueles que se encontra por aí, cheio de chapéus e sapatos fechados, blusas disfarçadamente abertas, dos que sorriem sem mostrar os dentes e que guardam uma vida e uma história tão simples que viram canções de ninar em papos terríveis desprovidos de grandes ou fortes acontecimentos.
O cara comum apaixonara-se pela mulher teatralizada, dramática, lotada e cercada de falsos amores, enganados sentimentos, fajutos corações. 
Sentira amor uma única vez e isso bastara para que não mais se atrevesse a senti-lo.
Mas era cruel, atormentava com a excessividade de seu charme, a extravagância na escolha de palavras, a deselegância na apresentação de um amor longe de existir.
 Iludia, era iludida, fazia sofrer, dizia amar e pisava quase sem querer. 
Retorcia, quebrava, arruinava. Recebia flores, abraços, amores, ouros, pratas, bronzes, carros, casas, vidas, homens, homens apaixonados, sempre homens, iludidos e desiludidos.
Intrigava, causava, mentia. 
Possuía uma, duas, três caras. 
As máscaras caíam pouco a pouco e a vontade incessante de doar-se se confrontava com a culpa de ter recebido amor sem retribuir. 
Merecia ser feliz?
 Responda-me sem hesitar, merecia?
 Era uma bruxa bem vestida ou uma fada mal amada? 
Era um inseto irritante, minúsculo, incômodo.
 Falsa, não era amante, era a assassina e a vítima.
Abrigava um inimigo em seu próprio peito: Um coração sem pilhas, desligado de tomadas, defeituoso, frágil, antes escoltado, depois violado, carregado de um vazio que pesava sem pesar apesar de tanto sofrer.
Oferecia sem ter o quê oferecer e quando recebia não sabia a maneira de aceitar. Fugia com uma ou duas palavras ditas ou fugia muda. 
Era confete, serpentina, cerimônia fúnebre, chuva torrencial.
 Era vontade de viver, tristeza, disfarce de alegria, falsidade, mentira, era inocente, era culpada. Irreal, uma contradição. 
Não era uma mulher, era um paradoxo. 
Não era apenas um paradoxo, era quase uma mulher. 
Inconciliável, poderia ser uma autora de textos. 
Conflitante, vendia imagens de amores que nunca viveu. 
Era sem escrúpulos, sem medo de ser descoberta, não aprendera a sentir, a lidar, a ser tocada e tocar também. 

Era quase eu, quase você.

domingo, 6 de março de 2011

Na minha cama

Estou jogada na minha cama.
Estou jogada assistindo essa menina e esse menino se amarem. 
Assistindo os olhos dessa menina brilharem como se vislumbrassem algo muito lindo e raro.
Aqui jogada, vendo esse menino dizer coisas lindas a ela, vendo ele a tocar com delicadeza como se ela fosse a ultima menina que restasse.
Cada palavra dele exala calor e brilho...
Estou jogada na minha cama quase acreditando que o amor desses dois é a  lua, ou o próprio sol.
Estou chorando na minha cama.
Chorando por que senti uma coisa pior que a morte: a saudade. 
Estou jogada na minha cama, chorando porque percebi que esse menino tem o seu cheiro, e a sua voz, e o seu jeito, e o seu cabelo, e as suas palavras bonitas e brilhantes...
Estou em pedaços na minha cama.
Em pedaços por que essa menina esta maltratando esse menino que me lembra você e que talvez seja você.
 Estou em pedaços porque não quero que ninguém te faça sofrer. 
Como ela pode te maltratar ?
Estou me sentindo culpada na minha cama.
Estou me sentindo culpada porque percebi que essa menina que te maltrata, tem meus olhos, meus cabelos, minhas palavras e meus gestos... 
Estou me sentindo culpada porque percebi que essa menina que te faz mal talvez seja eu. Como eu posso te maltratar ? 
Estou aqui jogada, chorando, cheia de culpa, vendo reprises em preto e branco na minha cama.
E pra onde olho te vejo. 
Nos móveis desse quarto. 
Nas paredes desse quarto.
Nos ecos e barulhos desse quarto.
Tudo isso é você. 
Você e a sua menina que te maltrata.
Tenho vontade de gritar ''ELA NÃO TE MERECE'', mas o medo que você escute é tão grande que o que sai da minha boca é “ELA TE AMA, SÓ NÃO SABE DEMONSTRAR”...
Eu estou jogada aqui onde tudo é você .Não sei quanto tempo faz. 
Estou jogada porque a saudade me debilitou e a grande tragédia é ficar aqui jogada, acordada e me perguntando ‘’e se?’’
Fiquei jogada observando essa menina, ela tinha uma expressão fria e pronunciava coisas que combinavam exatamente com sua expressão mas, assim que o garoto foi embora ela chorou. 
Acho que chorar não é a palavra certa, ela experniou, gritou e soluçou, como uma criança que quer muito alguma coisa mas não pode ter.
Ela chorou porque o queria muito, mais não podia te-lo.
Ela chorou porque tinha medo de ser dele e de ter ele pra chamar de seu.
Ela chorou porque não sabia ao certo o que era certo.
Ela chorou e gritou a ele que voltasse mas ele não a ouviu. 
E ai, por fim, ela chorou de saudade.
Ela o ama, qualquer um pode ver, mas é aquele grande e velho problema, ela não sabe demonstrar.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Saudade proibida

Na verdade nem eu tinha percebido, mas sonhei com você praticamente todas as noites. Fiz de tudo pra pensar em você em todos os momentos, todos eles. Mais uma vez eu ensaiei te contar todas as coisas.Eu achava que o que me fazia rir seria importante pra você. Teve uma hora que eu fiz de propósito. Querendo por querer eu apertei bem forte aquele amuleto e pensei tão forte em você, se é que pensamento tem força, que tive certeza de que você também estava pensando em mim naquela hora. Pensando bem eu nem tinha percebido, mas falava em você todas as vezes que surgia uma oportunidade, ou mesmo que não surgisse. Eu falava de você, um assunto que pra ninguém interessava, mas que pra mim era o único que tinha graça e valia à pena. Eu pensava em o que você estária pensando sobre tudo a minha volta e não parei sequer um segundo pra pensar sobre o que eu pensava sobre tudo aquilo. Mas o melhor, o melhor de todas as coisas é que eu nem percebi, nem me dei conta. Eu não estava nem aí. E nada disso me fez mal, nada disso me sugou. Se eu for lembrar pedacinho por pedacinho não foi só em você que eu pensei. Você era parte de mim e não era mais o todo. A diferença é que a parte que você ocupa é uma das mais importantes. Mesmo sendo importante abriu espaço pra tanta gente, pra tanta coisa que não importa quantas vezes eu pensei em você no passado, o que me faz lembrar é estar pensando em você no presente. E que merda é essa? Eu não sofri, não to sofrendo, isso não é normal e não tem graça nenhuma. Já me deixa assustada você ser apenas alguém e não o meu alguém.Já era o sexto dia. Eu tinha sido incrivelmente forte durante seis longos dias e no sétimo dia eu me peguei sem equilíbrio. Eu tive medo, como sempre. Eu fui ao banheiro, engoli uma vontade imensurável de chorar que de tão gigante arranhou com violência a minha garganta. Resgatei na bolsa aquele livro, tentei ler ouvindo sua voz, tentei sentir que você estava ali bem perto. Usei o perfume que você gosta, segurei o amuleto, engoli pela milésima vez o choro dolorido. Eu senti uma fisgada no peito, tão forte que rebateu na palma da mão e feriu a ponto de eu pronunciar um “Ai”. Todas às vezes de não ter percebido, todo amor que durante aqueles seis dias senti sem me assaltar, toda a falta de culpa por sonhar, falar e pensar em você a todo tempo. Tudo foi por água a baixo e eu senti a saudade que não podia. Era muita saudade, tanta que me fez sofrer e ai a vida teve um pouco mais de graça. Todo o amor comum se transformou na saudade que eu não podia sentir, mas senti. E foi a saudade mais bonita da minha vida. Se na hora tive medo agora tenho orgulho desse segredo. Eu senti a saudade proibida mais linda da minha vida, e senti por você..

Dialogo

- " Oi. É faz mesmo um tempo que a gente não conversa. Eu gosto de ficar no meu quarto mãe. Não, ta tudo bem é só impressão. 
A mãe problemas todo mundo tem né? Pois é. 
É sobre isso que eu quero falar. Não mãe, por favor, só me deixa falar. Vai me dizer que você nunca sentiu... Mãe você não sabe o que acontece. Mãe ele ta mudando. Sim eu acredito. Mãe por favor, não faz isso. Eu quero conversar... E por que não confiaria? É tudo muito complicado. Mas você sabe o que acontece? Então...
Porque a senhora ta gritando? Eu sei. Ta bom mãe se é assim que você pensa... Mas mãe, se você soubesse como é lindo... Mãe isso ai não tem nada a ver. Ta bom, ta bom... eu não quero discutir com vo.. Mas quem começou isso tudo foi v... ta bom mãe.
Eu vou deitar. Vou voltar pro meu quarto sim algum problema?  
Não grita mãe... Ahã, eu to mal educada sim.
Ta bom mãe, ta bom. 
É...
Não, nem quero...
Ta bom mãe...
Ta, ja entendi...
pois é mãe...

 boa noite!"


terça-feira, 11 de janeiro de 2011

22:51


Ela disse a ele logo ao entrar, despindo os ombros e acendendo um free, que ser livre era uma opção favoravel , quando se era 'interna'. 
Entendido ou não, ele a abraçou a pegando de costas e mordendo sua nuca e disse que ser amigo era uma opção livre , e que havia opnado por não se apaixonar ...
Ela então o disse , que era tão livre, que mesmo quando se apaixonava encontrava uma saída. 
Mesmo sem tentar, sugava , exatamente 'sugar' , todo o conhecimento e divertimento que se era possivel, que fosse atravéz do sexualismo, da lingua , do paladar , ou de conhecer outras pessoas e depois ela descartava o homem e alimentava-se das novas memorias  que adquirira ... 
Isso no final das contas era uma pena. 

Ele feito homem (que não entende), sorriu e a pegou pelos cabelos. Ele sabia que ela gostava afinal 2 anos de amizade dá pra conhecer pontos fracos e saber exatamente onde pegar.  

Ela notou que ele usava o perfume preferido dela. Deixou que o cheiro dele se agarrasse ao cheiro dela. 
Aquela noite se abriu, fora os gemidos, fora o alcool , havia também a imaginação a flor da pele e o carinho que não era usado em finais de semana casuais. 
Complexo demais para ser compreendido e 'febril' demais para ser lido por virgens ou pessoas vergonhosas né?
Eu sei!
Mas é a realidade escrita em forma de conto, criado ou real , ninguém nunca vai saber. 
Só ela. 
Só ele.
 E o dono da suite 113. 
O que importa é realmente compreender o que aconteceu de fato lá, era sexo , era dor , era desgraça , era fantasia e principalmente a amizade de sua forma mais livre. 
O que é ser livre ? 
É gritar de madrugada ? 
É beber sem  ter 18 anos ? 
Comprar mulheres ? 
Usar drogas ? 
Liberdade, seja lá o que signifique para cada um de nós é ter licença para criar um personagem e escrever outro em cima deste. 
 A liberdade de ser aquilo que você quiser ser, quando quiser o ser. 
Quem sabe, assim como eu, você acabe sendo ninguém, mas mesmo ninguém é alguém. 
Ser ninguém é ser um alguém cheio de possibilidades. 
Então crie a sua liberdade e seja amigo dela, transe com ela, abuse dela , case-se com ela, tenha filhos com ela , espanque , mate e a ressusite depois. 
Faça da sua liberdade um Deus e ore para ele , ou não. 
Faça da sua liberdade sua inspiração e queira ser como ela, ou não.
 Isso é ser livre. 
 Ou então, não tenha liberdade e se limite a um só tipo de musica, um só objetivo, uma só possibilidade, mas isso também seria uma pena.
Em todo caso nesta hisótira, verdadeira ou não, a liberdade teve nome, dois anos de amizade, um cheiro bom e pegou exatamente no ponto franco. 

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